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Maceió

Escrito pelo Prof. Aristophio Andrade Alves Filho.

Não há divergências ou dúvidas para os esperantistas maceioenses, que o pioneiro da língua de Zamenhof no Estado de Alagoas foi Paulino Rodrigues Santiago.

Paulino Santiago, como era chamado e mais conhecido, nasceu em Maceió em 13 de março de 1888 e faleceu nesta capital em 10 de outubro de 1967. Era filho de Emília Santiago e Joaquim Rodrigues Santiago.

Desde pequeno revelou natural interesse pelas letras e línguas. Estudou com professores o francês e o inglês; aperfeiçoou-se durante a vida inteira estudando, lendo e escrevendo português e Esperanto.

Era colaborador dos jornais locais, em diferentes épocas, do Correio de Alagoas, Jornal de Alagoas, Gazeta de Alagoas e noticiarista do O Evolucionista e revisor do Diário Oficial do Estado.

Durante 22 anos foi tesoureiro e sócio do Instituto Histórico Geográfico Alagoano. Figura como sócio-fundador da Academia Alagoana de Letras, tendo sido Segundo Secretário, onde ocupava a cadeira número 37, cujo patrono é Mesquita das Neves.

Em artigo escrito para o Jornal de Alagoas, publicado em 14 de outubro de 1979, o professor Medeiros Netto assim se expressou sobre o nosso pioneiro:

“A primeira manifestação de esperantismo em Alagoas foi uma carta de Paulino Santiago em novembro de 1907, dirigida à recém-fundada Liga Brasileira de Esperanto.”

E continua: “Pelo relatório publicado nos Anais do Esperanto no Brasil, página 106, verifiquei que o professor Paulino Santiago iniciou seus estudos da língua criada pelo médico polonês Zamenhof, em 1905.”

O educador e Cônego Teófanes Barros, esperantista e admirador de Santiago, em um trabalho dirigido para o jornal Gazeta de Alagoas, publicado em 26 de outubro de 1967, dezesseis dias depois da morte de Paulino Santiago, assim expressou-se:

“Outra característica marcante da personalidade de Paulino era seu entusiasmo pelo Esperanto. Foi um dos pioneiros do esperantismo em Alagoas. Quando fundei no Guido um centro de estudos do Esperanto, foi o Paulino quem o batizou com o nome de Centro Esperantista Couto de Magalhães.”

Paulino obteve o diploma de professor de Esperanto concedido pela Liga Brasileira de Esperanto, em dezembro de 1912, quando a sede funcionava no Rio de Janeiro. Ministrou vários cursos particulares do idioma neutro na capital de Alagoas, e um curso oficial na antiga Academia de Ciências Comerciais de Maceió, local onde foi professor honorário.

Em 1967, era no Brasil o mais antigo Delegado da Associação Universal de Esperanto e da Liga Brasileira de Esperanto, além de ser um dos sócios do Clube de Veteranos do Esperanto, com sede em Londres. A revista inglesa “Life” o considerou o maior esperantista das Américas Central e do Sul, segundo citação do escritor Félix Lima Junior, em Notas Biográficas, a respeito de Paulino Santiago.

A história do movimento esperantista maceioense relata a data de 12 de julho de 1910, como a fundação da primeira Associação de Esperanto de Alagoas, da qual seu primeiro presidente foi Antônio Carlos de Arruda Beltrão.

Essa informação histórica é proveniente do artigo do professor Medeiros Netto, intitulado “O Brasil quer o Esperanto”, publicado no Jornal de Alagoas, datado de 14 de outubro de 1979.

Também encontramos na autobiografia do Acadêmico Francisco Alves Mata (1905–1983), esperantista e membro da Academia Alagoana de Letras, escrita em Esperanto e arquivada na Associa ção Alagoana de Esperanto, a ratificação da informação do professor Medeiros Netto, com o acréscimo de algumas particularidades:

“Em 12 de Julho de 1910 foi fundada uma associação, que teve vida efêmera e seu presidente foi o Dr. Antônio Carlos de Arruda Beltrão. Outro dedicado esperantista foi o desembargador José Jerônimo de Albuquerque.”

Mas a transitoriedade, a falta de registro cartorial e de realizações públicas da Associação Alagoana criada em 1910 é considerada como um fato histórico. Oficialmente é hoje considerada a data de 28 de janeiro de 1971, como a data oficial da fundação da Associação Alagoana de Esperanto – A.A.E., em Maceió.

A constituição da primeira Diretoria foi formada por: Presidente, Teófanes Augusto de Araújo Barros; Vice-presidente, Tobias Medeiros; 1º Secretário, Adjanits Lins e Silva; 2º Secretário, Paulo César Medeiros; 1ª Tesoureira, Heloisa Marinho de Gusmão Medeiros; 2ª Tesoureira, Ângela Maria Padilha; 3º Tesoureiro, Cícero Correia da Silva; Bibliotecária, Vanilze Medeiros Cabral.

O estatuto da Associação Alagoana de Esperanto foi publicado no Diário Oficial do Estado de Alagoas somente em 23 de setembro de 1978, já sob a presidência do esperantista Francisco Alves Mata e Vice-presidente Tobias Medeiros.

A história tem demonstrado que alguns homens e mulheres, mesmo exercendo uma atividade de bastidores com influência em determinados fatos de sua época, desejam permanecer anônimos e ignorados por motivos desconhecidos.

Só com um trabalho de pesquisa é que vamos descobrindo o fio da meada para se chegar ao entendimento dos fatos e suas verdadeiras motivações.

Este capítulo é dedicado a Francisco Alves Mata, também conhecido como Coronel Alves Mata ou simplesmente Alves Mata.

A fundação da Associação Alagoana de Esperanto em 28 de janeiro de 1971 deve-se, em grande parte, ao trabalho de Alves Mata realizado um ano antes, com o convite feito a Paulo Amorim Cardoso, do Departamento de Esperanto da Universidade Federal do Ceará, para enviar um professor que ministrasse aulas para o ensino do Esperanto em Maceió.

O pedido foi atendido com a vinda à capital alagoana do professor Carlos Melo, em 1970.

É Mata quem se expressa em sua autobiografia: “600 candidatos matricularam-se, mas terminaram o curso aproximente 400 alunos. Encerrado solenemente o curso, ao calor desse entuziasmo fundou-se a atual associação.” Durante o período em que assumiu a direção da Associação Alagoana de Esperanto, isto é, de 30/04/1977 até 28/03/1981, ocorreu a maior formação de esperantistas em Maceió; foram adotadas as medidas legais para o registro em cartório e publicação do estatuto da Associação no Diário Oficial do Estado de Alagoas.

Além de outros fatos, podemos citar:

* Introduziu o Esperanto, com o auxílio da Secretaria de Educação e Cultura, como novo idioma no Instituto de Línguas “Noêmia Gomes Ramalho”, no antigo Centro Educacional Antônio Gomes de Barros – CEAGB. * Efetuou esforços para que fosse sancionada, no governo Guilherme Palmeira, a Lei nº 4.142, de 28 de maio de 1980, que considera a Associação Alagoana de Esperanto de utilidade pública no Estado de Alagoas. * Para o ensino de professores de línguas e universitários, solicitou a colaboração do professor e general Geraldo Pádua, presidente da Associação de Esperanto de Belo Horizonte, em 1980, quando se inscreveram 108 candidatos, sendo diplomados 81. * Agraciou, em nome da A.A.E., pelos relevantes serviços prestados ao Esperanto, o Secretário de Educação e Cultura, Edmilson Vasconcelos Pontes, e o presidente do Conselho Estadual de Educação, Luiz Medeiros Netto, como sócios beneméritos da A.A.E. * Era diplomado pela Liga Brasileira de Esperanto com o curso superior. Delegado da Associação Universal de Esperanto. Apaixonado pelo radioamadorismo. Ocupou a cadeira de Teotônio Ribeiro, da Academia Alagoana de Letras.

Veio a falecer em 03 de janeiro de 1983 e Alagoas perdeu o maior divulgador e entusiasta do Esperanto em nosso Estado, de sua época.

O 24º Congresso Brasileiro de Esperanto foi realizado em Maceió, de 11 a 15 de Julho de 1988. A sede do congresso foi o Colégio Guido Fontgalland, onde ocorreram todos os trabalhos do amplo programa.

A abertura solene foi realizada no auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde realizaram-se também todas as vesperais artísticas. 200 esperantistas de 80 cidades brasileiras participaram do importante evento.

A solenidade foi presidida por Luís Medeiros Netto, presidente do Instituto e também do Conselho Estadual de Educação, cujo discurso enalteceu o Esperanto como um importante instrumento para a paz e compreensão entre os povos.

Foram convidadas para a mesa de honra as seguintes pessoas: Néia Lúcia Souza, presidente da Liga Brasileira de Esperanto; o presidente da Associação Alagoana de Esperanto; o secretário da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas, o Secretário de Educação e Cultura do Estado; Jorge das Neves, Delegado Geral da UEA no Brasil; Geraldo Mattos e Leopoldo H. Knoedt, ambos da Academia de Esperanto; Paulo Amorim Cardoso, diretor do curso de Esperanto na Universidade Federal do Ceará; Elvira Fontes, representante da Liga Internacional de Professores Esperantistas; Sylla Chaves, da Fundação Getúlio Vargas; Jair Salles, redator do boletim da Cooperativa Cultural dos Esperantistas; o presidente da Organização Brasileira da Juventude Esperantista; Aristóphio Andrade Alves Filho, um dos principais responsáveis pelo evento.

A Associação Alagoana de Esperanto – A.A.E. – continua em nossa contemporaneidade exercendo suas atividades de divulgação e ensino do Esperanto em Maceió. A sede provisória está localizada na Av. Fernandes Lima, 761, 1º andar, sala B-2, no bairro Farol.

A Diretoria para o biênio 2000/2001 foi assim constituída:

Presidente, Aristóphio Andrade Alves Filho; Vice-presidente, Neider Silveira Jatobá; 1ª Secretária, Núbia Alves Sobral Andrade; 1º Tesoureiro, José Silva do Nascimento.

A cidade de Maceió será sede do 39º Congresso Brasileiro de Esperanto, de 18 a 22 de julho de 2004.


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