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História da mudança da Liga Brasileira de Esperanto do Rio de Janeiro para Brasília

Escrito pelo Sr. Onésimo da Costa e Faria. Traduzido para o esperanto pelo Sr. Said Pontes de Albuquerque.

No dia 29 de agosto de 1964 cheguei a Belo Horizonte, vindo de Rio Verde, Mato Grosso do Sul.

Encontrei o movimento esperantista muito fraco em Minas Gerais e, tendo observado melhor, estava fraco em todo Brasil.

Estudei a causa desse fato e compreendi que faltava localizar o comando do movimento esperantista no Brasil Central.

Brasília já era capital da República Federativa do Brasil.

Era para Brasília que a Liga Brasileira de Esperanto deveria mudar-se, saindo do Rio de Janeiro.

Convencido desta verdade fui ao Rio de Janeiro falar com Luiz Alberto Martins, presidente da Liga, sucessor do saudoso Carlos Domingues.

Consultado sobre o assunto, Luiz Alberto Martins respondeu-me:
- Não é necessário a Liga sair do Rio de Janeiro, assim como a presidência da Volkswagen é em São Paulo.

Ao que respondi:
- A Volkswagen é uma indústria automobilística, necessita estar num centro de grande comércio, de fácil transporte para sua produção de automóveis para outros Estados. E também para exportação a outros países, aproveitando o porto de Santos. Mas nós necessitamos estar junto do Ministério da Educação porque o Esperanto é cultura para ser ensinado a estudiosos e também perto das Embaixadas para os embaixadores e funcionários saberem que o Esperanto existe.

Ao sair da Liga encontrei Sylla Chaves, que seria o presidente da Liga, pois não existia opositor. Informei-lhe o motivo da minha viagem ao Rio. Inteirado do assunto, Sylla me respondeu:
- Eu não vou mudar para Brasília.

Ao que respondi:
- O presidente da Liga não necessita morar em Brasília, basta morar no Brasil.

Voltei para Belo Horizonte e falei com o meu amigo General Geraldo Pádua, então presidente da Sociedade Mineira de Esperanto. Pádua respondeu:
- Seria bom termos uma Embaixada do Esperanto em Brasília, mas a nossa sociedade é filiada à Liga. Se ela aceitar a idéia concordaremos com a sua decisão.

Compreendendo que a força expansionista do Esperanto não estava no Brasil Central, passei a considerar que as boas maneiras tradicionais da disciplina hierárquica fracassaram; resolvi conduzir o assunto da mudança revolucionariamente, porque estava convicto de estar certa a minha idéia.

O Instituto Esperanto de Educação tinha sócios em muitas cidades do Brasil. Na qualidade de Diretor Geral do Instituto convoquei Assembléia Geral Extraordinária em Brasília.

Compareceu muito mais da metade dos sócios do Instituto, o que foi surpresa para todos.

Na assembléia estavam o presidente da Sociedade Esperantista do Rio Grande do Sul, o presidente da Sociedade de Alagoas, da Sociedade Esperantista de Goiás, da Sociedade Esperantista de Brasília, o diretor geral do Instituto, representando Belo Horizonte e o presidente da Sociedade Esperantista de São Paulo.

Onésimo da Costa e Faria e Nelson Pereira de Souza propuseram a criação do Conselho Brasileiro de Esperanto, com sede em Brasília, objetivando forçar a Liga a mudar-se. A idéia foi aprovada por unanimidade da assembléia.

Logo em seguida marcou-se a primeira reunião em São Paulo, para iniciar o Estatuto; e a segunda reunião em Belo Horizonte, para terminá-lo e eleger a primeira diretoria do Conselho Brasileiro de Esperanto.

Em Belo Horizonte a reunião foi feita na sala 809, de propriedade do Instituto Esperanto de Educação, no edifício Rotary, na rua Guajajaras, 410.

Terminando a aprovação do Estatuto a diretoria ficou assim constituída:

Onésimo Faria indicou Francisco de Souza Almada para presidente, e Nelson Pereira de Souza indicou Elvira Fontes para vice-presidente. Esperantistas presentes na reunião indicaram outros companheiros para completarem a diretoria.

Onésimo Faria pediu ao presidente Almada para indicar o tesoureiro de sua confiança. Almada indicou Carlos Augusto Siqueira da Cunha.

Carlos Augusto foi tão eficiente na tesouraria que chegou a ser o tesoureiro do Congresso Universal realizado em Brasília no ano de 1981. O Congresso Universal em Brasília foi o primeiro realizado no Hemisfério Sul.

O presidente Almada nomeou sua esposa, Marija Pozder Almada, para redigir e publicar o boletim mensal informativo do Conselho Brasileiro de Esperanto. Esse boletim ganhou a confiança dos esperantistas do Brasil a ponto de o Conselho comprar, em seu nome, uma sala grande no edifício Jockey Clube de Brasília.

A Liga Brasileira de Esperanto mudou-se para Brasília no dia 31 de julho de 1986.

Estou muito contente porque cumpri minha missão no movimento esperantista e a Liga Brasileira de Esperanto cumpre seu dever histórico de destacar o Brasil na comunidade esperantista mundial. Zamenhof criou o Esperanto no século XIX e a Internet foi criada no século XX. Isso levará os povos a usarem o Esperanto como língua viva internacional.

Durante todo esse trabalho recebi muitas cartas pedindo para eu deixar a idéia de mudar a Liga para Brasília. Nenhuma pessoa pode renunciar às idéias quando estas estão absolutamente certas.

Assim foi o exemplo de Copérnico ao dizer que a Terra é que gira em torno do Sol, a qual demorou 150 anos para os cientistas do mundo compreenderem a verdade.


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