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Rio de Janeiro

Escreveu em português Dr.Aloísio Sartorato.

Escrever sobre a história do movimento esperantista na cidade do Rio de Janeiro não é tarefa fácil.

Primeiro, porque ela se confunde com a própria história do movimento esperantista brasileiro, uma vez que, desde os primórdios do movimento e até 1960, o Rio de Janeiro era a capital do país. Segundo, a transferência de toda a biblioteca e documentação da BEL para Brasília, em 1986, privou-nos dos documentos necessários para uma pesquisa mais profunda, principalmente no que se refere à primeira metade do século XX.

Parece-nos, segundo informações de Ismael Gomes Braga e Caetano Coutinho, que a primeira manifestação a respeito do esperanto na cidade ocorreu com a publicação de um artigo sobre a língua internacional no prestigioso diário O Paiz, em 12 de abril de 1898, da lavra de Arthur Azevedo. Embora editado no Rio de Janeiro, o periódico tinha circulação nacional e era um dos mais respeitados do país. Sobre o assunto, há informações mais detalhadas nos livros “Esperanto-Modelo” e “Veterano?”. Três dias depois, ou seja, em 15 de abril de 1898, outra publicação editada no Rio de Janeiro, porém de circulação nacional, a Revista Brasileira, trazia um extenso artigo de Medeiros e Albuquerque sobre a história das línguas planejadas, elaboradas até então, com referências elogiosas ao esperanto e recomendando o seu aprendizado.

Infelizmente, não encontramos nas fontes consultadas quaisquer referências sobre a existência de esperantistas na cidade do Rio de Janeiro, entre 1898 e 1906, a não ser a menção ao Desembargador Jacome Baggi de Araujo, que, embora morando em Petrópolis e já tendo aprendido o esperanto através de publicações francesas, tenha, possivelmente, por relações de amizade com Arthur Azevedo, influenciado o escritor a publicar o artigo anteriormente mencionado. Há referências no artigo de Caetano Coutinho acima mencionado de que Baggi de Araujo teria sido um fervoroso propagandista da língua, enviando manuais de estudo para interessados. O próprio Caetano Coutinho teria sido, inclusive, convencido a tornar-se esperantista pelo referido Desembargador, porém é útil lembrar que Baggi de Araujo não morava no Rio de Janeiro, mas na cidade de Petrópolis, então capital do Estado do Rio de Janeiro. Dada a proximidade entre as duas cidades, é bem provável que, entre suas idas e vindas ao Rio de Janeiro, ele tenha aproveitado para fazer proselitismo do esperanto.

Entretanto, considerando-se que Medeiros e Albuquerque, já em 1898, publicara um artigo favorável ao esperanto na imprensa do Rio de Janeiro e tendo em vista que, mais tarde, viria a presidir o Brazila Klubo-Esperanto, por um breve período, há uma hipótese remota, a ser confirmada por pesquisas mais profundas, de que teria sido ele o primeiro esperantista da cidade do Rio de Janeiro.

Entretanto, o marco inicial do movimento esperantista organizado na cidade é o ano de 1906.

Residindo em Niterói, porém trabalhando no Rio de Janeiro, Everardo Backeuser, jornalista e professor, um dia, ao passar diante da vitrine de uma prestigiosa livraria do Rio, vislumbrou uma gramática de esperanto. Dotado de espírito curioso e interessado em línguas, adquiriu um exemplar da referida gramática e, no trajeto de barca entre o Rio e Niterói, encantou-se com a língua e a idéia. Trabalhando na Redação de O Paiz, Backeuser, dias depois, convence o então Diretor do Jornal, Alcindo Guanabara, a publicar através do diário um curso de esperanto. Embora neófito no assunto, assume a responsabilidade pela direção do curso, ocultando-se, porém, por detrás de um pseudônimo (Prof. H.X). O Curso inicia-se em maio de 1906.

O Curso foi tão bem sucedido que, no mês seguinte, o próprio Backeuser propõe a fundação de um clube para a propaganda do esperanto. Nascia, assim, em 29/06/1906, na sede de O Paiz, diante de uma platéia de mais de 100 pessoas, o Brazila Klubo-Esperanto (Clube Brasileiro de Esperanto). Embora ostentasse em seu título o nome brasileiro, com o surgimento, em julho de 1907 da Liga Brasileira de Esperanto, o Brazila Klubo passa a ter uma atuação eminentemente local. Em sua primeira Diretoria, lá estava o incansável Everardo Backeuser, que veio a se tornar o seu 1o. Presidente. O restante da Diretoria era composta de Dr. Nuno Baena (1o. Vice-Presidente), Dr.Nerval de Gouvêa (2o. Vice-Presidente), Sr. Lauriano das Trinas (Secretário) e Sr. Honório Leal (Tesoureiro).

Logo em seguida, inicia-se uma série de palestras para a divulgação da língua em diferentes locais da cidade e até na cidade vizinha de Niterói, onde, nas dependências da Escola Spencer, inaugura-se, em 9/8/1906, o 1o. Curso de Esperanto, patrocinado pelo Brazila Klubo. Grande repercussão houve por ocasião da 3a. palestra realizada pelo Dr. Nerval de Gouvêa e promovida pelo Clube no auditório da Associação dos Empregados do Comércio, no Rio de Janeiro, diante de 300 pessoas. O maior sucesso, porém, foi a palestra proferida, nesse mesmo local, pelo escritor Medeiros e Albuquerque, também deputado federal e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras , que atraiu a atenção de mais de 800 pessoas, ao focalizar o tema De Babel até o Esperanto.

No final de 1906, inúmeros cursos de esperanto funcionavam na cidade e adjacências, patrocinados pelo Brazila Klubo: no Ginásio Nacional (futuro Colégio Pedro II) e na Escola Spencer (Dr. Everardo Backeuser); no Pedagogium (Dr. Nuno Baena); Colomy-Club (Dr. Couto Fernandes); Associação dos Empregados no Comércio (Hernani Mendes); dois cursos no Colégio Militar (Daltro Santos); Escola Cayrú (Lauriano Trinas), um curso em Niterói (Francisco Almeida Jr.); Liceu de Artes e Ofícios e Escola Alfredo Gomes (Dr. Leonel Fonseca).

Essa intensa atividade de ensino redundou, ainda em 1906, no surgimento de outros grupos de esperanto, além evidentemente do já citado Brazila Klubo, a saber: Grupo Verda Stelo, Laboristara Grupo Esperantista (de trabalhadores) e a Societo Brazila Esperantista, além de um clube na vizinha cidade de Niterói, filiado ao BKE (Niteroja Grupo).

O grande acontecimento do ano de 1907 foi, sem dúvida, a convocação e a realização, na cidade do Rio de Janeiro, do 1o. Congresso Brasileiro de Esperanto, de 12 a 21 de julho, que culminou com a fundação da “Brazila Ligo Esperantista” (posteriormente, “Brazila Esperanto-Ligo”).

A partir daí, o movimento local divide-se entre coordenar os trabalhos do movimento nacional, através da Liga Brasileira de Esperanto, e batalhar pela expansão do esperanto na cidade através da realização de cursos em diversas escolas e instituições, bem como pela promoção de atividades culturais, por meio do Brazila Klubo-Esperanto.

O que se pode deduzir da leitura do “Brazila Esperantisto”dessa época é de que o esperanto gozava de prestígio no meio social da cidade do Rio de Janeiro. Em geral, todos os eventos eram amplamente noticiados pelos principais periódicos (O Paiz, A Noite, Jornal do Brasil, Gazeta de Notícias, Revista Fon Fon e outros). Escritores de renome (Sylvio Romero, Coelho Neto, Afonso Celso, Olavo Bilac e outros) externavam opiniões favoráveis à língua, além, é claro, de Medeiros e Albuquerque, intelectual e político, que abrilhantava com a sua presença os eventos de maior relevância. Isso, sem falar na presença constante de Everardo Backheuser, professor e jornalista, que comparecia com regularidade a reuniões culturais e banquetes comemorativos organizados pelo Brazila Klubo de Esperanto.

Em julho de 1912, no período de 6 a 8, é realizado na cidade “La Unua Brazila Kunveno de UEA” (Kongreseto), com a participação de esperantistas locais e de outros estados brasileiros.

No ano seguinte, em dezembro de 1913, de 11 a 15, ocorre na cidade o 5o. Congresso Brasileiro de Esperanto, promovido pela Liga Brasileira de Esperanto.

Nos anos seguintes dessa década, prossegue o trabalho diuturno dos esperantistas locais na divulgação e no ensino da língua, pela realização de palestras e de cursos nos mais distintos lugares: escolas, associações culturais e profissionais etc… Por outro lado, o cultivo da língua se dá com a realização de reuniões mensais de confraternização organizadas pelo Brazila Klubo-Esperanto. Ressalte-se que, durante esta década, além do citado Brazila Klubo-Esperanto, foram constantes e ativos na cidade dois outros grupos: o “Brazila Esperantista Klubo”, que funcionava junto à Associação Cristã de Moços, e o “Virina Klubo”, que reunia senhoras e senhoritas da época, principalmente em tertúlias literárias.

Ainda com relação a esta década, deve-se mencionar que, em 1913, uma rua no bairro de Realengo é batizada com o nome Esperanto. Por outro lado, um fato bastante relevante foi a inauguração, em 21/7/1918, da Rua Zamenhof, no bairro do Estácio, nome que permanece até os dias atuais.

Na década de 20, prossegue, com entusiasmo, a propaganda e o ensino do esperanto na cidade do Rio de Janeiro. Destacam-se nesse trabalho as figuras de Couto Fernandes, Carlos Domingues, Porto Carreiro Neto além, é claro, do incansável Everardo Backeuser.

Em 1923, realiza-se no Rio de Janeiro, a convite das autoridades governamentais brasileiras e como parte integrante do programa oficial das comemorações do centenário da independência do Brasil, o 7o. Congresso Brasileiro de Esperanto, no período de 19 a 24 de abril, após tentativas infrutíferas de realizá-lo, em anos anteriores, em Aracaju. É de se destacar a participação, nos diversos programas do Congresso, de várias autoridades do governo federal.

Infelizmente, não há muitos registros sobre as atividades do movimento esperantista na cidade, na década de 30. Por um bom tempo (de 1935 a 1937), deixou-se de publicar regularmente o Brazila Esperantisto, órgão informativo sobre os acontecimentos da cidade e do resto do país.

Assim, nossa única fonte são as informações veiculadas por Ismael Gomes Braga em seu artigo “Esperanto en Brazilo” no livro Veterano. Segundo Braga, realiza-se, em 1936, no Rio de Janeiro o 9o. Congresso Brasileiro de Esperanto, que recebeu um amplo apoio das autoridades governamentais, mas com pouca participação de esperantistas. Impressionado por este quadro, o representante da Federação Espírita Brasileira nesse Congresso (o próprio Ismael) decidiu discutir com o Presidente daquela instituição a situação existente, resultando a conclusão de que tal situação era resultante da inexistência de livros sobre o esperanto nas livrarias. Daí nasceu a idéia de envolver a FEB nos trabalhos de divulgação do esperanto, através da utilização da editora espírita para a edição de livros sobre o esperanto e da utilização da rede de livrarias para disponibilizar o livro esperantista para o público em geral. Assim, nascia informalmente na cidade do Rio de Janeiro o Departamento de Esperanto da FEB que, nos anos posteriores, iria desempenhar um importante papel numa maior difusão do esperanto no Brasil.

A década de 40 caracteriza-se como uma das mais positivas para o movimento esperantista da cidade do Rio de Janeiro. Em 30 de março de 1942, surge a Associação Esperantista do Méier (um bairro do Rio) , iniciativa de Délio Pereira de Souza e Otaviano da Silva Lopes, que, dois anos e meio depois, passa a denominar-se Associação Esperantista do Rio de Janeiro, por sugestão de Ismael Gomes Braga. A AERJ irá desempenhar um papel importante para a expansão do movimento esperantista na cidade do Rio de Janeiro, principalmente, a partir de 1946, quando a Associação se muda do bairro do Méier para o Centro da cidade. Com realização de cursos, edição de um órgão oficial e realização de reuniões culturais em esperanto, a AERJ traz uma nova dinâmica para o movimento esperantista na cidade. Um dos pontos altos dessa atividade da AERJ foi, sem dúvida, a realização, em dezembro de 1946, da “Unua Metropola Konferenco de Esperanto”, resultando no estabelecimento de metas a serem atingidas pelo movimento local. Em janeiro de 1947, passa a ser publicado o órgão oficial da AERJ. Primeiramente com o nome de Informilo, mudando para Rio Esperantista, a partir de abril desse mesmo ano. Outra atividade a ser destacada foi a Campanha Zamenhof, que angariou gêneros alimentícios e roupas enviadas a esperantistas europeus carentes, em decorrência da 2a. Guerra Mundial.

Por outro lado, o Brazila Klubo continuou a desenvolver as suas atividades normais na sede da Liga Brasileira de Esperanto, com a realização de palestras e cursos. Em 1945, de 14 a 22 de abril, ocorre no Rio de Janeiro o 10o. Congresso Brasileiro de Esperanto, com a participação de 592 pessoas, sendo 54 de outros países. Ao longo da década, a Federação Espírita Brasileira realizou em sua sede cursos regulares de esperanto, enquanto que na segunda metade dessa década foi bastante ativo o Clube de Esperanto junto à Associação Cristã de Moços, que já fora um dos mais ativos no início do movimento.

O panorama do movimento esperantista na cidade na década de 50 foi bastante vigoroso e diversificado.

Tanto o Brazila Klubo-Esperanto, como a Associação Esperantista do Rio de Janeiro, deram prosseguimento às suas atividades normais de divulgação, ensino e cultivo da língua. Cursos também foram realizados nas dependências da Associação Cristã de Moços (ACM) e da Federação Espírita Brasileira.

Entretanto, no ano de 1951, a cidade vê surgir mais uma entidade esperantista que terá um papel fundamental no desenvolvimento do esperanto não só na própria cidade, como também por todo o país. Trata-se da Cooperativa Cultural dos Esperantistas, fundada a 14 de julho, por um grupo de abnegados esperantistas, sob a liderança de Braz Cosenza, Cedilha Neto e Ismael Gomes Braga com o objetivo principal de tornar-se uma editora de livros esperantistas. Funcionando, inicialmente, na sede da Associação Esperantista do Rio de Janeiro, a Cooperativa adquire sede própria em pleno centro da metrópole, começando suas atividades nesse local a partir de 15 de dezembro de 1956, com uma livraria, uma sala de aula e de reunião e uma secretaria. Já no ano anterior, a Cooperativa inaugurara em 17 de dezembro de 1955, no bairro de São Cristóvão, as instalações de sua própria gráfica.

Um evento digno de menção foi a realização na cidade do Rio de Janeiro do 36o. Congresso Eucarístico Internacional, no período de 17 a 24 de julho de 1955. Dentro da programação do Congresso, realizou-se a Terceira Reunião Mundial Esperantista Eucarística, com a presença de centenas de samideanos brasileiros e de inúmeros outros países. Destaca-se na organização desse evento a figura do Padre Johano Baptista Cao.

Embora o XV Congresso Brasileiro de Esperanto tenha se realizado na cidade vizinha de Niterói, de 14 a 21 de julho de 1957, duas reuniões desse evento aconteceram na cidade do Rio de Janeiro A sessão inaugural do Congresso ocorreu nas dependências da Biblioteca do Palácio Itamarati, no Rio de Janeiro, em 14 de julho e, no dia 21 de julho, ocorreu uma recepção aos congressistas na sede da Liga Brasileira de Esperanto.

Em 1959, por ocasião dos festejos comemorativos do centenário de Zamenhof, os esperantistas do Rio de Janeiro comemoraram através da realização de diversas solenidades este evento. O fato mereceu ampla divulgação na imprensa local, com repercussão nacional.

A década de 60 caracteriza-se por uma expansão do movimento na cidade do Rio de Janeiro. Além dos cursos e atividades do Brazila Klubo-Esperanto e da Cooperativa Cultural dos Esperantistas em suas respectivas sedes, assim como os cursos regulares de esperanto na sede da Federação Espírita Brasileira, o movimento esperantista da cidade vê surgir novas frentes. Inicialmente, no início da década de 60, o trabalho isolado de Amarílio Carvalho, que promove vários cursos na Zona Oeste da cidade, principalmente no bairro de Campo Grande, incentiva o aparecimento da Juventude Esperantista de Campo Grande, que promove cursos e atividades recreativas naquela parte da cidade, durante vários anos. Há, entretanto, ao longo da década, um retraimento das atividades da Associação Esperantista do Rio de Janeiro, que, ao final da década, desaparece de cena.

Em 1964, outubro, por iniciativa de Alfredo Ênio Duarte, Aloísio Sartorato, Francisco Stefano Wechsler, Jair Salles e Paulo Sérgio Viana, é fundada a Juventude Esperantista da Guanabara, que promove cursos em diversas partes da cidade e atividades culturais e recreativas nas sedes da Liga Brasileira de Esperanto e Cooperativa Cultural dos Esperantistas.

Em 1965, por iniciativa de Sylla Chaves e Amarílio Carvalho, a Fundação Getúlio Vargas, através de uma de suas unidades no centro da cidade, passa a oferecer cursos de esperanto em diversos níveis regularmente, durante alguns anos.

Ainda em 1965, como parte do programa comemorativo do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, realiza-se o XIX Congresso Brasileiro de Esperanto, com participantes de vários pontos do território nacional e também do estrangeiro.

Em 1966, a Cooperativa Cultural dos Esperantistas decide iniciar os chamados Seminários Brasileiros de Esperanto, tendo o Rio de Janeiro sediado o primeiro Seminário.

Em 1967, os produtores do programa Falando Francamente, Arnaldo Nogueira e Milton Paz, transmitido por uma das mais importantes estações de tv da época, TV Tupi, instituem um quadro dentro do programa que, durante várias semanas seguidas, transmite um Concurso de Oratória e outro de Arte, em esperanto.

Ainda em 1967, em julho, é fundada a Organização da Juventude Esperantista Brasileira, em Santos Dumont, MG, mas que terá sua primeira sede na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1967 e 1969, nas dependências da Cooperativa Cultural dos Esperantistas.

Na década de 70, prosseguem as atividades regulares de cursos da Federação Espírita Brasileira e da Cooperativa Cultural dos Esperantistas, onde também acontecem reuniões culturais.

Em meados dessa década, cessam as atividades de curso e culturais do Brazila Klubo-Esperanto, que, desde a sua fundação, funcionavam na sede da Liga Brasileira de Esperanto. Essas atividades serão retomadas, agora sob a égide da BEL, a partir de 1978.

A grande novidade desse período foi a fundação, em 15.12.1975, com sede no Rio de Janeiro, sob a liderança dos irmãos Délio e Nelson Pereira de Souza, da Sociedade Editora Francisco Valdomiro Lorenz, que irá desempenhar um papel importante na edição de livros, principalmente de cunho espiritualista, nas décadas seguintes.

Prosseguem nesta década as atividades regulares de realização de cursos pela Federação Espírita Brasileira, Cooperativa Cultural dos Esperantistas e Liga Brasileira de Esperanto. Estas duas últimas entidades também realizam regularmente atividades culturais (a Liga, até 1985, quando se transfere para Brasília). No início da década de 80, há uma tentativa frustrada de renascimento da Associação Esperantista do Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1982, sob a liderança de Givanildo Ramos Costa, Alcione Koritzky, Márcio do Nascimento e Paulo Andrade, iniciam-se as atividades do Esperanto-Grupo Ismael Gomes Braga, no bairro de Bangu, que será o germe inicial da segunda tentativa de implantar um movimento esperantista na Zona Oeste da cidade.

Em 1986, por iniciativa de Givanildo Ramos Costa, May Bijeleveld e Ronaldo de Oliveira, ressurge a Associação Esperantista do Rio de Janeiro (AERJ), que, inicialmente, começa a funcionar na antiga sede da Liga Brasileira de Esperanto, na praça da República, transferindo-se, posteriormente, para a Rua Senador Dantas, onde se encontra até os dias de hoje. Ainda em 1986, por iniciativa de Givanildo Ramos Costa, iniciam-se as emissões semanais regulares de um programa de esperanto, de uma hora de duração, através da Rádio Rio de Janeiro.

Em 1987, o Rio de Janeiro sedia o 23o. Congresso Brasileiro de Esperanto, nas dependências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Este Congresso que comemorou o centenário do esperanto, contou em sua organização com a participação ativa de membros da recém renascida Associação Esperantista do Rio de Janeiro (AERJ) e da Cooperativa Cultural dos Esperantistas.

Outra iniciativa da AERJ digna de menção foi a organização de uma exposição itinerante sobre o esperanto denominada UTINESPO (Utilidade Internacional do Esperanto). Organizada sob a iniciativa de May Bijeleveld, a exposição, depois de ficar exposta quase um mês nas dependências da Biblioteca Estadual do Rio de Janeiro (2 a 26/5/1989), percorre, nos anos seguintes, diversas cidades brasileiras, informando ao público em geral sobre a língua internacional.

Talvez, o fato mais importante na década de 90, tenha sido o surgimento da EKOR (Esperantista Kunfratiĝo de la Okcidenta Regiono). A década anterior vira surgir na Zona Oeste do Rio de Janeiro uma série de grupos de esperanto em diferentes bairros da região. Como conseqüência disso e sob a instigação de Givanildo Ramos Costa, Celso Pinheiro, Nair Dragon e Fernando Fernandes é fundada a EKOR, entidade que congregará os diversos grupos esperantistas da zona oeste e que desenvolverá atividades próprias na região, principalmente, encontros anuais, com freqüência acima de 100 participantes.

Por outro lado, a Federação Espírita Brasileira, a Associação Esperantista do Rio de Janeiro e a Cooperativa Cultural dos Esperantistas continuam a oferecer, durante esse período, cursos regulares de esperanto, no centro da cidade. Também são oferecidos cursos de esperanto ao público espírita pelo Departamento de Esperanto da União das Sociedades do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ), sob a iniciativa de Givanildo Ramos Costa.

Em 1992, ocorre no Rio de Janeiro, a EKO/92, um Encontro Ecológico de cunho mundial com a participação de ONGs de todos os cantos do mundo. A AERJ tem uma atuação bastante destacada graças aos esforços de May Bileveld e Givanildo Ramos Costa com a instalação de dois estandes com material de propaganda nas dependências do Aterro do Flamengo, onde se revezaram, na qualidade de plantonistas informantes, inúmeros esperantistas cariocas.

Em 30/10/1993, a AERJ, reforma seu estatuto, passando a ser, desde então, uma institução representativa de âmbito estadual. No ano seguinte, formaliza sua adesão à Liga Brasileira de Esperanto.

Durante essa década, a AERJ desenvolve uma intensa atividade cultural, com a realização de palestras em sua sede. O Rio Esperantista volta a ser editado regularmente e são lançado os boletins “AERJ informas” e “Esperanto Atualidades”. A partir de 1990, são organizados, a cada ano, os Encontros Estaduais de Esperanto e, a partir de 1994, os Encontros de Esperanto do Grande Rio, abrangendo esperantistas da cidade do Rio de Janeiro e adjacências.

Este período assinala o incremento de atividades de ensino e culturais da Cooperativa Cultural dos Esperantistas, com a realização de cursos, palestras, clube de conversação e eventos culturais, bem como pela publicação regular de seu órgão oficial, INKO. Prosseguem regularmente as atividades de ensino oferecidas pelos Departamentos de Esperanto da Federação Espírita Brasileira e da União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro. Por iniciativa de Givanildo Ramos Costa são implantados cursos de esperanto em diversos bairros da cidade: Copacabana, Botafogo, Ilha do Governador. Por outro lado, A EKOR desenvolve regularmente suas atividades na zona oeste, com a realização de encontros e diferentes eventos como, entre outros, o treinamento de instrutores.

Nesse período, a AERJ retrai um pouco suas atividades de cunho local, concentrando-se, principalmente, na organização dos encontros estaduais e do Grande Rio. Entretanto, com vistas a comemorar o centenário de fundação da Liga Brasileira de Esperanto, a entidade convida a BEL a realizar, no período de 8 a 13 de julho de 2007, o 42o. Congresso Brasileiro de Esperanto, na cidade do Rio de Janeiro, onde justamente surgiu a Liga há cem anos atrás.


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