Escrito em esperanto pelo Sr. Henrique Allan Kardec Mendonça e traduzido pelo Dr. Osvaldo Pires de Holanda.
Existem poucos registros sobre o movimento esperantista em Anápolis antes do furor do qüinqüênio 1987 – 1992. Pesquisando os livros de atas do Centro Espírita Vicente de Paulo, encontramos informações sobre o ensino da língua Esperanto na cidade, a 21 de dezembro de 1960, ministrado por Gerson Fraisart Mamed.
Entre 1970 e 1973 o prefeito Henrique Antônio Santillo apoiou a criação de uma sociedade cujo principal objetivo era o ensino das línguas alemã, francesa, inglesa e latina.
Em consideração ao pedido de algumas pessoas, a sociedade adotou também o ensino do Esperanto.
Todavia a administração de Henrique Santillo terminou e com ela o curso de Esperanto.
Comenta-se que o jornalista Dilmar Ferreira, de Goiânia, atualmente vereador em Anápolis (2001 – 2004), foi ativista do Esperanto em 1970. Outro habitante em Anápolis que até mesmo dirigiu um programa de Esperanto na Rádio de Ubá – MG, é o escritor e poeta Artemidoro de Oliveira (pseudônimo de Jarbas de Oliveira), com mais de 80 anos.
No ano de 1986 os jovens Fabrício Rodrigues Valle e Paulo César Ferreira, de Goiânia, dirigiram um curso básico de Esperanto na Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes. Oito pessoas participaram do curso.
Sobre o nome dos alunos, é possível lembrar apenas dos seguintes: Edmar Corrêa de Paiva, João de Deus Ferreira da Silva, Maria Helena, diretora da escola, Sidney de Assis Brasil e um jovem chamado Beto. O bom ensino gerou entusiasmo entre todos eles.
Henrique Alan Kardec Mendonça interessou-se pelo Esperanto em São Paulo. Associou-se à Associação Paulista de Esperanto em 1984. Em Anápolis ele conheceu o aluno João de Deus que o informou sobre o curso dirigido por dois jovens de Goiânia, Fabrício e Paulo.
Terminado o curso, entusiasmadas 40 pessoas inscreveram-se em um novo curso, inclusive Henrique Alan Kardec. A Escola cedeu gentilmente duas salas e o curso durou de março a junho com duas horas de aula todos os sábados. Paulo e Fabrício dividiram a tarefa.
No fim do curso metade dos alunos receberam um certificado do Instituto Goiano de Esperanto.
Em junho de 1987, ocorreu uma reunião, da qual participaram as seguintes pessoas: Antônio Pereira Guimarães, Gisele Pires Barbosa, Elisene Pires Barbosa, Henrique Alan Kardec, Icaro, Walter Antunes, José Pericole de Souza, João de Deus, Paulo José Merola, Raimundo Pereira Couto, Edilmo Constantino, Alcione de Souza Brasil, Eurico Emidio Velasco e Sidney Assis Brasil, um dos mais entusiastas incentivadores da fundação do Anápolis Esperanto-Klubo.
Eurico Velasco, administrador do Hospital Filantrópico e Maternidade Dr. Adalberto Pereira da Silva – MADESP, cedeu uma sala exclusiva, na instituição por ele dirigida, para o AEK, onde o grupo decidiu reunir-se semanalmente para estudar, didaticamente, pelo livro Esperanto Sem Mestre.
Em 1989 o primeiro membro do AEK que participou de um congresso de Esperanto foi Edmar, ele tomou parte no 25º Congresso Brasileiro de Esperanto, realizado em Campo Grande – MS.
No segundo semestre de 1989 Fabrício Rodrigues Valle visitou o Clube e se propôs a ministrar um curso de aperfeiçoamento. O grupo aceitou calorosamente a idéia. Ele recomendou dois livros: “Kiel Diri?” e “Por Praktikantoj”, além de um bom dicionário. Fabrício ensinou durante seis meses, uma vez por semana. Após o mencionado período ele disse: “agora vocês são capazes de auto dirigirem-se”.
Antes do fim do ano Fabrício retornou com um convite especial da Liga Brasileira de Esperanto aos esperantistas anapolenses. Ele informou que a diretoria da BEL achava que o movimento esperantista em Anápolis mostrava-se constante e o grupo era trabalhador e entusiasta, por isso a Liga sugeria e convidava Anápolis a sediar o 25º BKE (Brazila Kongreso de Esperanto - Congresso Brasileiro de Esperanto). As opiniões dividiram-se: uns entusiasmaram-se, outros temiam. O único entre todos que participara de um congresso era Edmar. A tarefa era muito importante para receber um sim, mas também para uma imediata negativa. Desse modo, pediu-se um tempo, possivelmente duas semanas para discussão. Após uma séria análise, concluiu-se que o tempo até 1991 seria muito exíguo e o grupo aceitou a tarefa para 1992. Desde o começo o AEK contou com a importante colaboração do Instituto Goiano de Esperanto e o recém fundado Centro Cultural Esperantista, ambos de Goiânia.
Em 1990 decidiram-se duas importantes tarefas: primeiro enviar um observador ao BKE em Salvador e em segundo lugar editar o “Estrela Informativa”, órgão do AEK que teve treze edições até julho de 1994.
O presidente da BEL, Josias Ferreira Barbosa, visitou o AEK e fez algumas sugestões, mas a principal conversação teve como tema o 28º BKE a realizar-se em Anápolis.
No primeiro semestre de 1991 o AEK recebeu a honrosa visita de Paulo Amorim Cardoso, professor de Esperanto durante mais de trinta anos na Universidade Federal do Estado do Ceará.
Como trabalhos preparativos para o congresso ministraram-se cursos, editaram-se folhetos informativos sobre o Esperanto, editaram-se artigos em língua portuguesa e intensificou-se intercâmbio com samideanos de Goiânia e Brasília.
Desde a decisão de hospedar o congresso, o AEK contatou as instâncias municipais visando a reserva de auditório ou teatro, participação da orquestra municipal, além da procura de lugar para a sede do congresso e alojamento. Sobre esse assunto muito contribuiu o entusiasmo e dedicação de Eurico Velasco.
Visando adquirir experiência, quatro membros do AEK participaram do 27º BKE realizado em Vitória, em julho de 1991. Eles foram: Antônio, Gisele, Henrique e Sidney. Com eles viajou o jovem Ilmar, de Goiânia. Em Vitória, anunciado o 28º BKE, conseguiram-se 80 (oitenta) adesões.
Logo após o retorno de Vitória definiu-se o comitê local, consistente das seguintes pessoas: Sidney Assis Brasil, presidente; Gisele, tesoureira; e Henrique, secretário.
Como no centro da cidade não existia rua sem nome, em vez de rua Esperanto decidiu-se erguer um monumento em uma praça importante da cidade. Para essa tarefa Henrique consultou o escultor José Rodrigues Loures que, após as informações sobre a língua Esperanto, simpatizou com a idéia e prometeu cobrar menos do que o preço normal pelo monumento. Desse modo, a 12 de julho de 1992 ele foi inaugurado na Praça 31 de Julho, com apresença de centenas de pessoas, inclusive o presidente da câmara municipal e o secretário de cultura do município. Durante a ocasião o filósofo Evaldo Pauli pronunciou um belo e entusiasta discurso.
Entre os eventos, são dignos de menção a missa celebrada em Esperanto, pelo padre José Nogueira Machado, auxiliado por Euclides Carneiro da Silva, e uma palestra do coidealista Alberto Flores, no Centro Espírita Vicente de Paulo.
O último dia foi destinado a excursões.
Aborrecimentos também ocorreram, quando o patronato Madre Mazzarello, verbalmente contratado, dirigido pelas irmãs salesianas, recusou continuar a hospedagem, a qualquer pretexto, embora mediante pagamento. Lamentavelmente a Comissão Organizadora não exigiu um contrato escrito. A solução foi tentar hospedagem em casas de esperantistas locais.
Na programação artística, por falta de cantores esperantistas, só o coral da Empresa de Correios e Telégrafos cantou, não em Esperanto, canções folclóricas.
O 28º BKE jamais ocorreria se o AEK não contasse com a dedicação não só dos esperantistas mas até mesmo de algumas pessoas totalmente anônimas, cuja ajuda foi valiosíssima. Nesse contexto é digna de menção a colaboração de Eurico Velasco, que colocou os seus funcionários à disposição do congresso.
Nos meses seguintes após o congresso o AEK viveu novos tempos. Nas primeiras semanas mudou-se a sede, do hospital para uma sala na Rua Barão do Rio Branco, onde pela primeira vez pagou-se aluguel. O AEK não mais funcionaria dentro de uma casa espírita, embora ele não funcionasse sob orientação espírita.
Henrique ministrou dois cursos básicos, um no Colégio Einstein e outro na Escola de Música “Player Studio”. No fim de 1993 os sócios do AEK constataram que o pagamento do aluguel da sala não era vantagem. Embora confortável e atraente, o número de sócios não aumentava. Então, Eurico Velasco colocou à disposição do clube uma sala, fora do hospital, construção totalmente independente embora pertencente a ele. Ali os sócios do clube continuaram seus estudos de Esperanto, todos os sábados, com início às três horas da tarde.
No fim de 1994 Sidney transferiu-se para Belém – PA. Sua saída influiu muito no ambiente. Após alguns meses, a então presidente, Elisene e sua irmã Gisele, mudaram-se para Goiânia. Henrique continua o trabalho, pelo ideal que ele considera parte de sua vida.
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