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Campo Grande

Escrito pela Profª Maria Garcia.

Notícias sobre o Esperanto já haviam chegado em Mato Grosso do Sul, mais precisamente na capital – Campo Grande, antes mesmo da década de1940. No entanto só a partir dessa data começam efetivamente a se desenvolver atividades pertinentes à divulgação da Língua Auxiliar Internacional junto à sociedade campo-grandense.

Chega em Campo Grande Heitor Faria, esperantista, idealista, como sói acontecer aos amantes da Fraternidade Universal, logo inicia um curso de Esperanto junto ao Centro Espírita Discípulos de Jesus, onde um número razoável de pessoas inicia o aprendizado da Língua. Funcionário Público, Heitor é transferido para outro Estado. O curso de Esperanto feneceu.

Outro entusiasta chega à cidade, Onézimo Costa e Faria, irmão de Heitor. Dotado de forte espírito de liderança, Onézimo reúne confrades e funda, em Campo Grande, MS, a Fraternidade Espírita Educandária, com o objetivo de, além do ensino fundamental, estabelecer o ensino do Esperanto. Para melhor viabilizar o desenvolvimento desse projeto, a Fraternidade cria a Escola Zamenhof.

Dificuldades de toda parte, principalmente financeiras, fazem com que a escola deixe de funcionar durante alguns anos.

Por resolução de Assembléia Geral a Fraternidade Espírita Educandária passa a denominar-se Fraternidade Espírita Educacional e cria, a 21 de março de 1949, a escola Estadual Zamenhof, sendo primeiro diretor o seu idealizador e criador, Onézimo Costa e Faria.

Com a mudança de Onézimo Costa e Faria para Belo Horizonte, fica a Fraternidade Espírita Educacional sob os cuidados da Mocidade Espírita Campo-grandense que ali se estabeleceu por algum tempo. Procurando dar continuidade ao trabalho educacional, a Mocidade Espírita junto aos remanescentes da diretoria da Fraternidade Educacional organizam uma comissão e criam a Casa da Criança – Creche Escola. O prédio da Casa da Criança – Creche Escola foi construída à Rua Dom Aquino, 392. Não foram pequenas as dificuldades para essa construção, inaugurada em 1965, tendo já como presidente Sebastião Otacio, que por vários anos muito labutou em favor da causa.

A partir de 1971 a Fraternidade Espírita Educacional e, por conseqüência, a Casa da Criança passam para a coordenação do Centro Espírita Discípulos de Jesus.

Foram diretores da Escola Zamenhof: Onézimo Costa Faria (fundador); Maria Ribeiro Serra; Maria Heloiza Ferreira Nakazato; Liriacy Matos Sobreira; Norma Aparecida de Oliveira Mota; e Maria Custódia Oliveira Pinheiro.

As professoras de Esperanto, Izô Caminha e Maria Garcia, a partir do ano 2000, ministram aulas de Esperanto aos alunos de 7ª e 8ª séries da Escola Zamenhof. Como já registrado anteriormente, a Escola Zamenhof foi fundada no ano de 1949. Em 1999 deu-se a comemoração dos cinqüenta anos de fundação.

A data não passou em branco pois nesse mesmo ano Campo Grande sediou o 35º Congresso Brasileiro de Esperanto como parte oficial das comemorações do centenário da emancipação político-administrativa de Campo Grande e, inserido no programa do Congresso, a homenagem aos 50 anos da Escola Zamenhof.

A cerimônia constou da inauguração do retrato de Onézimo, fundador da Escola, ao lado da foto do Dr. Zamenhof, já existente no local. Foram momentos tocantes, pelas presenças do homenageado, com mais de 80 anos, e de Osmo Buller, diretor da Associação Universal de Esperanto. Ao ato solene compareceram Jerônimo Fonseca, presidente do Centro Espírita Discípulos de Jesus, a diretora da Escola Zamenhof, Maria Custódia Oliveira Pinheiro, professores, alunos, o presidente da Liga Brasileira de Esperanto, Osvaldo Pires de Holanda e esposa, membros da diretoria da Liga, a delegada da Associação Universal de Esperanto no Brasil, Symilde Schenk Ledon, Gilbert René Ledon, presidente da Associação Paulista de Esperanto, Maria Garcia, presidente da Sociedade Esperanto Mato Grosso do Sul, presidente da Comissão Organizadora do 35º Congresso Brasileiro de Esperanto, grande número de congressistas e convidados da comunidade.

As palavras de Onézimo, entrecortadas de grande emoção e as de Osmo Buller, mereceram muitos aplausos dos presentes à memorável manhã do dia 14 de julho de 1999.

Voltemos à década de 1950 quando vem para Campo Grande o jovem Tenente Fernando José Galvão Marinho, esperantista, idealista e realizador.

Foi Marinho, hoje coronel reformado do Exército, o primeiro esperantista a criar um curso de Esperanto em ambiente neutro, isto é, independente de qualquer segmento religioso ou filosófico, em Campo Grande – MS.

Durante o ano de 1956, Marinho ministrou aulas de Esperanto no Clube dos Subtenentes e Sargentos de Campo Grande. Um grupo de pessoas interessadas pelo curso, não só militares como civis, veio constituir o primeiro grupo esperantista que, após um ano de estudos, submeteu-se às provas enviadas pela Liga Brasileira de Esperanto. Aprovados, receberam certificados de conclusão do Curso Básico de Esperanto em sessão solene realizada no salão nobre do Colégio Estadual Campo-grandense.

Ainda sob a entusiástica orientação de Marinho fundou-se o “Campo Grande Esperanto Clube”, que divulgou e ensinou o Esperanto por algum tempo em Campo Grande – MS.

Motivado pela mudança de alguns esperantistas, transferência de outros, inclusive de Marinho, o clube deixou de funcionar.

Mais tarde, por volta de 1980, regressam a Campo Grande pessoas que fizeram parte do antigo Clube de Esperanto e novamente reacendeu a chama esperantista na cidade de José Antônio Pereira (fundador de Campo Grande).

Em 28 de setembro de 1985, funda-se a Sociedade Esperanto Mato Grosso do Sul – SOEMS.

Homenagem mais que justa a Fernando José Galvão Marinho, que plantou a semente do Esperanto em corações campo-grandenses. Aos pioneiros Heitor e Onézimo Faria pelo que realizaram em favor do Esperanto, reconhecimento e gratidão. A Nelson Pereira de Souza, destacado esperantista brasileiro que, de boa vontade e grande entusiasmo, com a saúde abalada por pertinaz doença que mais tarde o levou de nosso convívio, fez-se presente com a esposa Fiorina S. Souza (Nina) na fundação da SOEMS em 28 de setembro de 1985.

Nelson ministrou durante uma semana um rápido curso de Esperanto e fez várias palestras em centros espíritas de Campo Grande, mostrando o valor do Esperanto. Os esperantistas de Campo Grande guardam, com muito carinho, a lembrança desse baluarte do Esperanto que, até os últimos dias de vida terrena, dedicou-se de corpo e alma à causa da Fraternidade Universal, divulgando e ensinando o Esperanto.

A Sociedade Esperanto Mato Grosso do Sul – SOEMS vem trabalhando, desde sua fundação, em prol do ideal esperantista. Os cursos têm sido ministrados desde a época da fundação, anualmente, além da Escola Zamenhof, nas instituições “Morada dos Baís”, “Centro Espírita Discípulos de Jesus”, “Sala da Capemi”, “Sala Isaura Guerra Borges”, “SEBRAE” e “Federação Espírita de Mato Grosso do Sul”.

Em 1989 realiza-se em Campo Grande o 25º Congresso Brasileiro de Esperanto com a afluência de esperantistas do Brasil e do exterior.

O Centenário de Emancipação Político-Administrativa de Campo Grande ocorrido em 1999 teve como ponto marcante a realização do 35º Congresso Brasileiro de Esperanto e que contou com o apoio do poder público municipal. O congresso aconteceu de 12 a 16 de julho, com aproximadamente 300 congressistas de vários estados brasileiros. Do exterior, Campo Grande teve a honra de receber Osmo Buller, um dos diretores da UEA.

André Puccinelli, Prefeito Municipal, e Osmo Buller plantaram na área do pátio da Prefeitura Municipal, um ipê, árvore símbolo de Campo Grande.

Fato relevante aconteceu durante o Congresso. Foi a entrega pelo vereador Elias Dib, autor da Lei nº 3.638, uma placa de prata com a íntegra do ato que tornou de utilidade pública municipal a Sociedade Esperanto Mato Grosso do Sul – SOEMS, sancionada pelo prefeito municipal, André Puccinelli, em 2 de julho de 1999.

Ambos presentes à instalação solene do 35º Congresso Brasileiro de Esperanto foram homenageados com palavras de agradecimento por Maria Garcia, presidente da SOEMS e do 35º Congresso Brasileiro de Esperanto. Agradecimentos também foram dirigidos a Américo Calheiros, presidente da FUNCESP – Fundação de Cultura e Esportes da Prefeitura Municipal de Campo Grande, que envidou grandes esforços e apoio à Comissão do Congresso.

O poder público colaborou de forma expressiva para o sucesso do evento que constava das programações oficiais comemorativas ao Centenário de Emancipação Político-Administrativa de Campo Grande.

A 26 de Agosto, SOEMS participa do desfile cívico, já por 3 anos, com um contingente de alunos dos cursos de Esperanto. A bandeira do Esperanto é desfraldada diante do palanque oficial onde não só as autoridades como o povo em geral aplaudem entusiasticamente a passagem do grupo de esperantistas que também portam faixas alusivas ao Esperanto.

Sob este nome, em colunas de jornais de Campo Grande, como Correio do Estado, Jornal da Cidade, Informativo Espírita, o Esperanto vem sendo divulgado na imprensa local. Várias entrevistas em rádio e televisão, em diversas épocas, foram veiculadas tendo como tema o Esperanto.

Dois eventos de alto valor artístico foram realizados em Campo Grande pela SOEMS, no Teatro AracyBalabanian, com o nome de “Festival Grande Gala em Três Tempos”.

  • Na abertura do festival (1º tempo): declamação de poesias.
  • No 2º tempo – música vocal: apresentação individual, duetos e corais, e dança flamenca.
  • No 3º tempo – música instrumental com repertório clássico e popular.

Os festivais “Grande Gala” têm o objetivo de divulgar o Esperanto e de angariar recursos financeiros para a aquisição da sede própria da SOEMS.

A cada dois meses a SOEMS realiza “chás” de confraternização, em casas de pessoas esperantistas, onde se fala em e sobre o Esperanto, procurando exercitar a conversação.

Foi criado, há três anos, o Grupo Esperanto Ismael Gomes Braga, junto à Sociedade Espírita Francisco Tieshen, onde jovens e crianças estudam o Esperanto. Assim a Língua Universal vai ganhando terreno na sociedade local.

Em São Gabriel do Oeste existe um promissor grupo de estudiosos do Esperanto. Também em Três Lagoas e Fátima do Sul há um pequeno movimento esperantista.


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  • de zehanonimo